De volta à ONU, Lula compromete-se a combater crimes ambientais, mas não consegue reunir o mundo pela proteção da Amazônia
O presidente brasileiro pressionou os líderes mundiais a aumentarem o financiamento para a proteção ambiental, mas não anunciou compromissos claros para evitar o ponto de não retorno que ameaça a Amazônia
A Avaaz celebra o Presidente Lula por cobrar, em seu discurso, das nações ricas que cumpram a promessa de 100 bilhões de dólares para combater a emergência climática nos países em desenvolvimento. No entanto, o líder brasileiro desperdiçou uma grande oportunidade de mostrar que o Brasil está pronto para cumprir metas ambiciosas de proteção ambiental no cenário global - e sequer mencionou o Fundo Amazônia.
Diego Casaes, diretor de campanha da Avaaz responsável pela campanha da Amazônia, afirma:
"Lula ressaltou a queda nas taxas de desmatamento da Amazônia e reforçou o seu comprometimento em combater os crimes ambientais. No entanto, ele não estabeleceu compromissos claros para alcançar o desmatamento zero ou mesmo a proteção de 80% da floresta até 2025, o que evitaria o ponto de não retorno sobre o qual os cientistas vêm nos alertando.
"Se Lula quer ser um líder global, ele tem de começar pela Amazônia, colocando a justiça climática no centro das suas políticas. Ele deve impedir a exploração de petróleo na Amazônia e desenvolver um plano de transição para a economia brasileira que deixa de utilizar a floresta como um recurso a ser pilhado para obter lucro."
Apesar de Lula ter destacado que 87% da matriz energética brasileira é baseada em energias renováveis, seu governo envia mensagens contraditórias com o recente plano de investimento de R$ 323 bilhões na Petrobras, e os planos para perfurar novos campos de petróleo na foz do rio Amazonas.
A menção do presidente Lula à Cúpula da Amazônia e ao diálogo com países asiáticos e africanos detentores de grandes florestas sinaliza sua intenção de definir uma posição comum para combater a perda de biodiversidade e as mudanças climáticas. Mas a falta de metas de conservação conjuntas entre esses países, especialmente na região amazônica, é preocupante.
Abaixo, um breve resumo de como os discursos anteriores de Lula na AGNU abordaram as questões da Amazônia e do clima, em comparação com os argumentos que o Brasil apresentou este ano. Os destaques incluem:
- Em 2004, 2006 e 2008, Lula não mencionou a Amazônia nenhuma vez. Em 2005, a Amazônia foi citada brevemente para apresentar novas medidas de proteção e novas políticas.
- Em 2009, por outro lado, Lula chamou o mundo para ajudar na preservação, investindo coletivamente em tecnologia de monitoramento. Em 2023, ele retoma o discurso de 2009 e desenvolve-o ainda mais: o mundo tem de assumir a responsabilidade, mas o Brasil vai liderar um novo rumo, vai destacar-se, criando um novo modelo de desenvolvimento verde, fazendo-o de forma diferente do norte global.
- Os discursos de Lula na ONU são normalmente muito duros com o norte global no que diz respeito à agenda ambiental, mas este ano foi o mais duro de todos: lembrou o fato de que os países desenvolvidos são responsáveis pela maior parte das emissões que nos colocaram numa crise climática e apelou para uma agenda de desenvolvimento verde.
- Lula é historicamente muito firme quanto à soberania do Brasil sobre a Amazônia e à responsabilidade que lhe cabe. Este ano, reforçou esse argumento com uma declaração forte: "O mundo inteiro sempre falou da Amazônia. Agora, a Amazônia está falando por si".
Fotografias gratuitas para uso editorial estão disponíveis neste link .
Vídeos para uso editorial livre estão disponíveis aqui, incluindo imagens impressionantes gravadas a partir de um drone, e sonoras de Diego Casaes, Diretor de Campanha da Avaaz, em inglês e português.
Por favor, veja aqui um briefing para jornalistas com informações sobre as questões mais importantes em jogo durante a Assembleia Geral da ONU, e aqui um briefing sobre o que está em jogo para a Amazônia durante esta Assembleia Geral.
Para mais informações e entrevistas, contate:
luciana@avaaz.org e will@avaaz.org
WhatsApp da equipe de mídia no local: +1 (571) 621-2896 e +1 646-628-1210.